A emergência de novas potências, aliada à conjuntura de crises internacionais, está levando a um reajuste profundo das regras e arranjos de governança global ligados à Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID). Vivemos, portanto, um momento oportuno para a revisão das políticas e das práticas de cooperação, bem como das nossas visões e modelos de desenvolvimento, reflexão que requer conhecimento de suas bases empíricas e teóricas.
Na última década, o Brasil vem promovendo uma política externa ambiciosa, tendo a Cooperação Sul-Sul (CSS) como pedra angular. O Brasil vem compartilhando, com outros países em desenvolvimento, conhecimento técnico e políticas públicas que tiveram impacto positivo sobre o desenvolvimento nacional. O governo também promoveu a criação de coalizões intergovernamentais.
Muitas das políticas públicas que vêm sendo compartilhadas pelo governo brasileiro são resultados de construções sociais e lutas políticas que tiveram a sociedade civil como ator fundamental. Além disso, sociedade civil brasileira desenvolveu conhecimentos e experiências que vem contribuindo com a busca de paradigmas alternativos de desenvolvimento.
A CSS veio quebrar o monopólio dos atores tradicionais no estabelecimento de conceitos, práticas e paradigmas da CID. No entanto, apesar da CSS ser cada vez mais difundida, no Brasil e no mundo, ainda não há consenso sobre sua definição conceitual e estatística. Isso ocorre, entre outros fatores, devido a diversidade dos atores, falta de dados sistematizados sobre sua prática e construção incipiente de conhecimento.
Ampliar e qualificar a discussão sobre a Cooperação, baseado em evidências e vozes diversas é fundamental. Pluralismo intelectual e diversidade são ingredientes-chave de uma cultura baseada em direitos e são essenciais para inovação. O Articulação SUL pretende contribuir para a consolidação do campo da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento no Brasil, aprimorando o diálogo entre os âmbitos de pesquisa aplicada, políticas públicas e práticas.
Motivações e Princípios
Vemos a CID não só como um campo de ação, mas também como espaço dinâmico de discussão política. A conjuntura atual de crises transnacionais reforça a necessidade da ampliação e diversificação do debate para buscarmos soluções e esforços globais para a construção de sociedades mais justas, igualitárias e sustentáveis.
Acreditamos que o Brasil pode ter uma atuação internacional que contribua para o enfrentamento dos desafios globais e para o estabelecimento de um sistema internacional mais igualitário e comprometido com a diversidade dos povos. Temos um comprometimento com os seguintes princípios:
- Produção de pesquisas e análises independentes, críticas, rigorosas e inovadoras
- Construção de parcerias horizontais e trabalho em rede
- Promoção de transparência e prestação de contas
- Promoção de aprendizado mútuo e respeito à diversidade dos saberes
- Promoção dos direitos humanos e justiça social por meio da realização de mudanças democráticas e sustentáveis